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Muito do que fazemos ou deixamos de fazer, na vida e na organização, está ligado aos nossos valores, que podem ser definidos como aquilo de que não abrimos mão ou que valorizamos acima de tudo. Para termos uma vida plena e saudável, precisamos honrar nossos valores cotidianamente.

Acontece que nossos valores “já estão aqui”, são inerentes a nós. Não são ideais a serem trabalhados ou adquiridos, mas aquilo que se expressa no modo de viver. Se alguém ou alguma organização valoriza algo e isso não está se expressando de forma prática, então o ser viverá em dissonância, gerando sofrimento.

Ajudar a revelar os reais valores de uma pessoa ou organização é profundo, pois esses valores “moram no coração” (ou, pensando na trimembração da alma humana, na dimensão do sentir, conforme estudamos na Formação Lumo). Quando perguntamos diretamente a alguém quais os seus valores, a tendência é que responda racionalmente, de forma politicamente correta ou culturalmente esperada. Isso gera uma pequena “lista de compras”, mas nem sempre ela está em harmonia com o que pessoa ou organização de fato vivem e praticam – ou anseiam viver e praticar.

Daí é que nós, da Lumo, acreditamos que revelar valores não é um processo intelectual ou analítico. É do campo da experiência humana. O quando mais nossos clientes puderem perceber os valores que estão vivos em si e permeiam as decisões pessoais e profissionais, mais eles poderão fazer escolhas práticas conscientes e livres, baseadas em valores.

Precisamos, assim, como consultores de desenvolvimento, ajudar a perceber os valores que estão realmente vivos e que orientam de fato as decisões das pessoas ou dos grupos. Este é um trabalho de descoberta, de revelação, de “des-cobrir”, como faria um dedicado e curioso arqueólogo retirando camadas de terra.

Quando o trabalho começa, os valores não estão visíveis. O que está visível – se você procurar –, são comportamentos e o efeito dos valores na vida de uma pessoa ou organização.

Podemos explorar valores através de dinâmicas ou estruturas de diálogo que propiciam o reconhecimento e a compreensão daqueles valores (ou necessidades) que guiam as decisões de uma pessoa, grupo, área ou organização; individual ou coletivamente. Ainda que existam métodos quantitativos, que têm algumas aplicações, acreditamos que não podemos abandonar a rica busca qualitativa, devido à própria natureza do que estamos buscando revelar. Temos toda a clareza de que não se trata de simplesmenteperguntar “Quais os seus valores?” e se satisfazer com a primeira lista gerada; ou achar que entendeu o que é Ética ou Transparência para cada pessoa ou organização, na primeira conversa, sem explorar seu significado e como elas ocorrem realmente nas escolhas da vida prática.

Conectar os valores podem ajudar muito a olhar o presente, por exemplo, ao “jogar luz” sobre uma decisão a ser tomada a partir dos valores que impulsionam ou refreiam determinada escolha: “Que valor você estará honrando ao decidir A ou B?” ou “Que escolha melhor honraria seus valores?”. Preste atenção também à energia com a qual se fala sobre uma alternativa ou sobre uma tomada de uma decisão; ou ainda como está a sensação de “estar em paz” (ou não) com uma ou outra alternativa de ação. A pergunta “Faz sentido?” pode ajudar a revelar também a existência de algum incômodo do plano do Sentir.

Observamos também que valores se manifestam dentro de uma hierarquia e é importante ajudar os clientes a perceber como estão atuando realmente, na prática – e o que querem começar a fazer diferente. Por exemplo, alguém percebe que valoriza Família e Sucesso. Essa pessoa pode falar mais veementemente de um (“Minha família é tudo de mais importante para mim!”), mas, de fato, fazer viver o outro com uma hierarquia de prioridade maior (“Não consigo sair do trabalho antes das 21 horas e só vejo meus filhos no final de semana. Preciso trabalhar muito para ter sucesso.”). Ou, por exemplo, uma organização fala no valor de Pessoas ou em Meritocracia, mas corta seus quadros de pessoal descuidadamente ou sem critérios condizentes, quando está sob pressão.

Por fim, a reflexão deve ser atualizada ou retomada de tempos em tempos, pois nossos valores mudam – ou ganham diferentes prioridades – ao longo da nossa vida. Valores são dinâmicos, se movimentam, como a vida saudável.

 

 

Nota: este artigo é uma adaptação do texto criado pela autora em 2018 para a Formação Lumo | Especialização em Consultoria