Artigos

Viagens para mim são sempre fonte de re-energização e de inspiração. Procuro ter equilíbrio entre planejamento e espaço para improvisações, ou seja, defino lugares mas deixo livre para mudar e ver o que o destino me reserva a cada ponto de partida ou chegada.

Em setembro último, resolvemos explorar, de carro, o País Basco. Minha ignorância se surpreendeu com a não-fronteira entre a Espanha e a França neste tema. Mesmo ao cruzarmos a fronteira, percebe-se a continuidade de costumes e da língua, o que denota uma cultura além dos limites impostos pelas leis.

Nesta onda de surpresas, chegamos a San Sebástian, cidade-sede de um importante festival de cinema e com um estilo de vida de veraneio revelado no seu litoral e costumes do seu povo.

Ao caminhar pelo centro velho, ruas estreitas tomadas por comércio e restaurantes, nos deparamos com a Igreja de Santa Maria del Coro. Bonita e tranquila no seu interior, apesar da agitação externa.

Na ocasião, havia uma exposição sobre um padre – José María Arizmendiarrieta (1915-1976) que me surpreendeu. Talvez por não focar tanto nos aspectos religiosos de sua vida mas, sim, nos aspectos espirituais.

Em 1943, Arizmendiarrieta criou uma escola politécnica que foi o germe da Universidade de Mondragón e que desenvolveu as bases do movimento cooperativista.

Nos anos 50, com alguns formandos, Arizmendiarrieta fundou a primeira empresa cooperativa Ulgor que, rapidamente, cresceu e que posteriormente se transformou na Mondragón Corporación Cooperativa (MCC). Hoje, esta cooperativa é o maior grupo empresarial basco e o décimo da Espanha, com unidades espalhadas por todo o mundo. Mondragón se tornou  referência e inspiração para várias escolas inovadoras de gestão, como a Team Academy, por exemplo.

Este padre, que morreu en 1976, é venerado em Mondragón e em todo o mundo pelo seu exemplo na criação de um modelo novo de associação, pela persistência na crença da sua eficácia como modelo produtivo e do seu potencial de transformação de comunidades. Segundo ele, “o melhor sintoma da genuína vitalidade de uma comunidade está no seu desejo de melhorar”. E isso, se consegue juntos!

Com várias citações interessantes, uma das frases de Arizmandiarreta que me chamou a atenção na exposição foi a da foto abaixo :

“Para avançar, transformar-se;

 Para abrir o estreito, abrí-lo com o coração;

 Para alargar as terras, aumentar a convivência”

 

Na Adigo Lumo, procuramos trabalhar o desenvolvimento organizacional e humano através deste prisma – a Força do Eu e do Nós. Nossa crença é de que só conseguiremos avançar nas organizações e como sociedade se cada unidade da mesma – o indivíduo – se transformar.  Se, cada um, a partir, da sua vontade genuína, vinda do coração, abrir os estreitos em que nos “metemos” e alargar os horizontes pelo real encontro e convívio com outros.

Foi por isso que escolhemos esta mensagem para reflexão para o ano de 2015.

Feliz Natal e um ano de 2015 cheio de encontros e transformações!

 

(Imagem: “Círculo de Goethe”, a aquarela que “colore” nossos votos de final de ano, foi pintada por Adriana Venuto para a Adigo Lumo.)