“Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.”
(Soren Kierkegaard)
Há muito tempo, venho me questionando sobre as demandas que chegam para mim. Algumas estranhas, outras repetitivas, outras tantas, desafiadoras. A força de criar me ajuda a escolher as que aceito. Mas, fico sempre me perguntando porque preciso desta inquietação.
Sempre pensamos no valor que agregamos ao mundo a partir das nossas entregas, mas pelo outro lado, o que o nosso trabalho faz por nós? Ao fazermos uma tarefa, isso atua sobre nós, nos moldando como uma argila. Nos transformamos ao transformar o mundo.
Num curso recente, recebi uma tarefa de criar um “fascinator” – aqueles adereços de cabeça muito usados nas cerimônias da realeza inglesa e que criam um destaque único para quem o usa. Foi bastante criativo e divertido. Porém, depois do lúdico, fui desafiado a alterar uma atividade corriqueira da minha prática profissional, colocando algo inusitado e único que mexesse com as pessoas. Foi como ir à beira de um penhasco e abrir mão das certezas conquistadas para se entregar ao desconhecido.
Senti o frio na barriga que dá aquela sensação gostosa da coragem e do entusiasmo de tentar fazer algo que me deixasse curioso com a experiência e seus aprendizados. Para os outros e para mim.
Como lição, ficou a mensagem de que só podemos pedir que as pessoas ultrapassem seus limites, se nós, como facilitadores, também o fazemos. Assim, atuamos como uma energia de mudança e vulnerabilidade que é sentida pelos outros.
Quando é que você tentará fazer algo, de novo, pela primeira vez?
Por Selim Nigri,
05 de abril de 2022.