Interessante escrever este artigo vendo um jogo de futebol e um lance da assistência de vídeo (VAR). Impedimento claro que não foi dado por conta da tecnologia. E me peguei pensando: como este sistema tira a confiança do juiz? É claro que a tecnologia também resolve várias situações nas quais o olho humano não consegue distinguir.
Mas, como poderíamos ampliar a capacidade humana e não somente depender da máquina? Ampliando: como a nossa dependência da tecnologia tira a nossa capacidade de decidir?
Vejo isso em vários ambientes organizacionais. Os dados dirigindo as decisões e os algoritmos apontando os caminhos. Nossa capacidade humana, teoricamente destinada a analisar e tomar decisões, aperta botões para concluir o que as máquinas pensam. E a nossa intuição fica quase silenciosa perto do ruído feito pela avalanche de informações. O olho no olho e o diálogo que geram novas soluções é substituído pelo que o sistema recomenda.
A capacidade de tomar decisões do nosso sistema humano é infinita, muito maior do que a nossa racionalidade consegue compreender. Ficaríamos loucos se entrássemos no nosso sistema digestivo e tentássemos analisar as decisões sendo tomadas. Nosso organismo é a maior fonte de inspiração para o desenvolvimento da humanidade. A sabedoria que existe no corpo é uma excelente fonte de pesquisa para compreendermos nossos possíveis futuros.
Lembro da resistência que tinha com os mapas eletrônicos. Demorei a utilizá-los, pois entendia que devia descobrir os caminhos e atalhos. Isso me estimulava a pensar em soluções. Logicamente, caí em várias armadilhas, perdi tempo, errei e tive que voltar. Mas, aprendi um monte.
Equilibrar as informações geradas com a nossa experiência me parece ser a saída. Não sou contra a tecnologia, mas não quero ser preguiçoso, medroso e nem desperdiçar a maravilhosa capacidade de pensar que nos foi dada como seres humanos.
Somos criadores destes equipamentos e não podemos entregar todas as decisões e movimentos, eles devem ser nossos assistentes e não dirigentes.
Por Selim Nigri,
26 de julho de 2022.