Vamos mudar o mundo? ✨

Acabei de ler o volume 1 do livro Escravidão do Laurentino Gomes e fiquei com a certeza que temos uma dívida humanitária impagável com as pessoas que foram escravizadas e seus descendentes.

Quase desisti da leitura por não aguentar descobrir em detalhes que fomos capazes de sequestrar, vender, mutilar e matar outros seres humanos por quase 400 anos.

Envolvendo as maiores nações da época, o tráfico foi o maior negócio do Brasil Colônia e Império. Fomos o último país a ter uma lei proibindo esta atividade. Rio de Janeiro e Salvador foram respectivamente o primeiro e terceiro maiores portos do mundo no comércio de escravos.

Até hoje vemos casos de trabalho escravo comprovados e a cultura escravocrata segue nos apresentando flagrantes de racismo. Com raras exceções, nunca me senti discriminado pela cor da minha pele. Como exemplo, jamais tive a entrada de serviço apontada para mim em uma visita.

Por outro lado, recebi ao longo da vida vários apelidos como “negão, dominó, caboclo, pretinho favorito” e talvez por falta de consciência, isso nunca me afetou. Sempre os recebi como demonstrações de “carinho”. Um dos meus melhores amigos na adolescência era chamado por todos nós de “miquinho” e nunca me preocupei com ele por isso.

Reconhecer isso me surpreendeu.
É comum ouvirmos que o mundo está chato, que não se pode brincar com nada e que a “patrulha” critica qualquer coisa. Que tal nos colocarmos no lugar de quem tem ouvido as piadas infames há anos sem poder se queixar? Se toca!

Se está chato para você, imagine para quem além de ter a pele preta, é mulher, gay, lésbica, trans ou parte de outro grupo discriminado?

Sonhamos com inadiáveis mudanças nas leis, nos costumes e com políticas inclusivas que somente virão com muito trabalho junto às instituições em que você atua ou influencia.

Não diga que não pode fazer nada ou que não tem tempo!
Essas são boas justificativas, mas não diminuem as dores que vemos e sentimos.
Pode parecer uma gotinha, mas para quem recebe, qualquer ajuda é um oceano e muda muitas vidas, a começar pela sua.

Isso muda o mundo e muito!

 

Por João Luiz de Souza,

Arte por @anandacolaa

20 de julho de 2022.