Há 3 anos iniciei minha segunda carreira como consultor de desenvolvimento organizacional e coach e ao explicar para a família minha nova profissão, meu caçula fez uma bela síntese: “Pai, então você convida as pessoas para estarem juntas e as ajuda a conversar?”

Trabalhando com distintas organizações e líderes percebo a complexidade deste ato tão simples: compartilhar o mesmo momento e um diálogo genuíno. Como escreveu Alejandro Jodorowsy: “Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que eu digo e o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo.”

Vivencio também o quão libertador tem sido proporcionar contextos para as pessoas poderem se colocar, trocar ideias e ouvir outras perspectivas.

No coaching, ter um espaço para se colocar genuinamente, despido de máscaras corporativas e papeis solitários de super homens e mulheres maravilha, de maneira inteira com todas as virtudes e imperfeições, tem trazido alívio e desenvolvimento legítimo.

Em facilitações de grupos, poder falar abertamente e no coletivo sobre o que vai bem e o que incomoda. A partir desta imagem comum, o time decide o que fazer, desenvolvendo saúde e esperança. Em um encontro recente, ao dar voz a um time, que declarou quais comportamentos seriam inaceitáveis na liderança em alguns anos, seguiu-se um sonoro aplauso de alívio.

Talvez o ritmo frenético das mudanças e expectativas de resultados cada vez mais ascendentes tem nos afastado deste ato tão simples e potente: cultivar o interesse genuíno pelo outro.

Paradas planejadas, mesmo no remoto, para estar frente a frente com outra alma humana, ter tempo de qualidade para poder ouvir e falar são formas simples e poderosas de se reconectar. O famoso ato de tomar um cafezinho ou compartilhar uma saborosa refeição, sem olhar os ausentes daquele encontro que te chamam pelo whatsapp, sem precisar engolir a comida e sair correndo para a próxima corrida de 100 metros, podem ser bons primeiros passos para genuinamente se conectar com os presentes e ter boas trocas.

 

 

Por Paulo Pedote,

13 de julho de 2022.