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Até que ponto conseguimos maximizar uma performance com a estrutura organizacional que temos? Ou quais são as estruturas organizacionais que nos levarão aos resultados esperados?

Trabalho há mais de 25 anos com estas perguntas e elas não cessam de aparecer nos meus projetos. Tive um cliente que me disse que a estrutura dependia da consultoria a ser contratada. Outro que acreditava que para responder a estas perguntas, deveria centralizar o que estava descentralizado ou descentralizar o que estava centralizado. E que isso seria uma eterna agonia!

Afinal, serão estas as perguntas? Creio que não! Se mudarmos um pouco o foco da pergunta, talvez consigamos começar a encontrar o caminho para as respostas. Para mim, prefiro colocar luz sobre  como responder rapidamente e com excelência às exigências de todos os nossos stakeholders? E as demandas são inúmeras.

Parece que a resposta não está no desenho da estrutura e sim em quem a pensa. Há algumas semanas, fui participante de um curso com dois arquitetos que começava com a seguinte provocação : “As formas externas são resultado da consciência que as cria”. Fiquei noites pensando sobre isso e a relação com as perguntas dos meus clientes.

Ora, se a nossa consciência sobre estruturas fica oscilando entre as “caixinhas” ou os processos, estamos presos em algumas armadilhas. Primeiro na tendência de pensarmos em “ou” e não em “e”. Depois, em termos de adaptar as pessoas que temos para os lugares que criamos. E se não temos confiança, sentimos que a estrutura fica “capenga.

Nossa consciência racional está nos impedindo de ver outras formas de organização que responda da forma que precisamos. Ao nos trancarmos nos escritórios, só conseguimos ver planos e superfícies. Tive esta percepção quando visitei a casa do artista Hundertwasser em Viena. Ao entrar, ele avisa : ”O ser humano não foi feito para andar nos planos e nossa vida nos prédios faz com que fiquemos planos como os solos que pisamos”.  Planos ou chatos?

Ao nos cercarmos de paredes brancas, perdemos a noção de profundidade. Queremos que tudo se torne ascético, perfeito…Nunca alcançaremos  perfeição nas estruturas. Ou se as enxergarmos como organismos vivos, veremos que a perfeição está no processo de adaptação das mesmas às realidades que se apresentam.

Onde, então podemos buscar inspiração para desenvolver esta consciência? Não são nos prédios maravilhosos cheios de infraestrutura tecnológica. Nem nas telas dos computadores com suas informações estonteantes. Nem nos exemplos e teorias de outras organizações.

Basta caminhar num belo parque ou jardim para entender as maravilhosas formas que a natureza encontrou para se estruturar. Veja o exemplo de uma flor.

Como uma delicada haste sustenta uma bela coroa colorida? Quais são as diferentes funções que cada parte executa? E se compararmos com uma outra flor – veremos suas semelhanças e diferenças…Bosques, lagos e qualquer formação natural nos mostra sua exuberância e diferentes formas para viver. Que nível de consciência criou todas estas formas? E como as mesmas seguem evoluindo?

Não é coincidência que estejamos falando tanto de ecossistemas. Não é uma questão de sustentabilidade como tema mas como a saída para podermos criar e desenvolver organizações mais saudáveis não só financeiramente como biologicamente.

Como seria uma organização-flor? O que seria, realmente, um ecossistema organizacional? Como criar relações entre os diversos elementos que dependem e dos quais dependemos nas organizações? Como se adaptar rapidamente às mudanças do ambiente externo e criar sustentação para a organização?

Quantas perguntas “novas” surgem quando nos deparamos com outras referências! É isso que pode nos trazer novas respostas às perguntas antigas. O desenvolvimento de uma nova consciência – mais imaginativa, mais observadora de fenômenos, menos pré-julgadora.

A saída está, primeiramente, em nos desenvolvermos para enxergar com novos olhos. Como dizia Schopenhauer: “O segredo não é ver coisas novas mas ver o que ninguém ainda não viu no que todos veem”. As respostas estão ao nosso redor mas longe se continuarmos a só ver o que a nossa razão consegue.

Ao desenvolver e ampliar a nossa consciência para além da razão, começaremos a imaginar e a realizar planos e soluções mais inovadoras, inspiradoras e adequadas aos desafios que se apresentam! É isso que se espera de uma boa liderança. Por onde devemos, então, começar a desenvolver as estruturas?