Um dos grandes desafios da liderança e da consultoria consiste na observação de fenômenos sociais sem julgamento. O desenvolvimento desta competência pode se dar através de exercícios de observação da natureza desenvolvidos pelo cientista e poeta alemão Goethe.

A natureza traz lições sobre diversidade, visão de processo, luz e sombra, individuo e grupo, adaptação, vida e morte. Alguma semelhança com o desenvolvimento humano e das organizações?

Há sementes rapidinhas, exibidas, que crescem num piscar de olhos. Outras são mais lentas para mostrar suas folhas – mas isso não significa que nada está acontecendo. Se a liderança não confia, o desenvolvimento não acontece.

Outras plantas crescem demais no vaso e a angústia dos jardineiros e líderes é a mesma! Precisam de mais espaço? Mudar de terreno? Ter acesso a outros nutrientes para continuar a crescer? Sem apego, temos que abrir mão de talentos da nossa área, em prol do seu desenvolvimento.

Goethe surpreende ao dizer que “A morte é uma invenção da vida para produzir mais vida”.

A morte da planta revitaliza a terra, mas as plantas nos ensinam que não é preciso morrer nesta vida para revitalizar-se. Podemos podar galhos secos que cumpriram seu ciclo e continuam drenando a nutrição de novos brotos. Diferente das plantas, podemos decidir o que precisamos (nos) podar – mas provavelmente precisaremos da ajuda de outros para dar esse passo.

Autoconhecimento podemos fazer sozinhos. Para o autodesenvolvimento, precisamos do outro.
Temos que aprender a honrar o fenecer, processo que seca os frutos, sabiamente permitindo que as sementes se espalhem. Em vez de queimar, colocar as folhas secas na base das árvores para servir de adubo para seu próprio crescimento e geração de novas folhas, flores e frutos!

Que partes da minha vida, do meu trabalho, posso deixar para trás para nutrir novos impulsos meus? O nome disso é renovação.
O que posso doar em vida que sirva de nutrição, de adubo para outros? O nome disso é legado.

 

Por Vera Oliveira,

30 de junho de 2022.