Tenho acompanhado, vivenciado e celebrado um movimento importante nos conselhos de administração das organizações privadas no Brasil. O amadurecimento dessa instância da governança é fruto de um processo, gradual e consistente, que vem acompanhando as mudanças na sociedade. Pandemia, guerra, transformação digital, inclusão social, empoderamento feminino, crise ambiental e tantos outros gatilhos que impactam o comportamento dos consumidores e da sociedade têm gerado tensão, pressionando as organizações para atender ao chamado e ocupar um lugar de maior protagonismo na promoção dos avanços necessários.
Se as organizações têm escala e papel relevante na sociedade, nada mais “natural” do que refletir nos seus órgãos de governança a intenção e o engajamento com as transformações desejadas. É preciso abraçar o compromisso com a diversidade de gênero, raça, geracional, de experiência e conhecimento na composição dos conselhos de administração. E as mudanças estão acontecendo, de forma lenta, mas crescente.
O que já podemos celebrar? Os temas de pessoas e de cultura organizacional invadiram as salas dos conselhos de administração. E com isso, o perfil do conselheiro muda. É preciso agregar à visão estratégica, conhecimento e novas habilidades para lidar com questões mais sutis, que não se medem por avanços de metas quantitativas e modelos inflexíveis. Como promover cultura de confiança nas organizações? Como reforçar o senso de propósito e engajamento das pessoas? Como cultivar e discutir cultura no âmbito dos conselhos? Como apoiar proativamente os executivos nessa agenda?
Cito aqui uma reflexão do Simon Sinek: “100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende nada de pessoas, não entende o negócio.”
Novo perfil do conselheiro. Para quê?

 

Por Carla Barretto,

24 de maio de 2022.