A revista Exame publicou recentemente um ranking com os 100 líderes de melhor reputação no Brasil em 2014. Na reportagem, eles falam que “os melhores líderes de empresas são os inovadores, que sabem engajar a equipe, têm uma visão estratégica ampla e são capazes de projetar o negócio internacionalmente, sem deixar de fomentar a ética nos negócios”.

Achei interessante e curioso e tentei fazer um exercício de deixar o julgamento de lado e não sucumbir a vontade de subir ou rebaixar alguém da posição colocada… Vamos tentar?

Apenas imagine que você se encontra com estas personalidades e tem a chance de perguntar o que quiser para eles. O que você perguntaria?

Qual a fórmula para o sucesso?
O que fez sua empresa crescer tanto?
Quais os próximos planos de expansão?
Qual o próximo grande negócio?
Quais as tendências do setor?
O que acha da estratégia do competidor? De um outro setor?
Quantos milhões o Sr. ou Sra. tem? Qual o patrimônio acumulado?
Qual o valor da empresa?
Quais as dicas para um jovem ambicioso chegar até onde você chegou?

É apaixonante ouvir histórias de sucesso sobre o business. É impressionante ver negociações de milhões de “dinheiros” acontecendo e o tamanho e complexidade das operações geridas. Causa aquele “UAU” … Mas, eu me questiono se estas são as melhores perguntas para fazer para eles. Talvez eu perguntasse sobre o momento do maior desafio profissional, do maior aprendizado e do maior erro. Perguntaria sobre seus medos e receios. Perguntaria sobre suas motivações e sonhos, sobre como ele define felicidade e sucesso. Perguntaria sobre seus valores e pediria exemplos de vidas que eles tocaram. E de exemplos de vida que os tocaram, principalmente.

Não sei bem que “indicador” eu estaria criando, mas acredito que seria um bem diferente dos indicadores ou critérios escolhidos pelas revistas tradicionais. Poderíamos chamar este critério de “humanização”, por exemplo. Em uma época de números e de máquinas, falar de humanização pode parecer coisa do passado, mas permitam-me esta provocação.

Na minha percepção, a humanização das relações corporativas é algo fundamental. Para os que já sentem os pelinhos dos braços se arrepiando, garanto que não se trata de sermos todos os melhores amigos, parte de uma família estendida, ou que temos que viver colados uns nos outros com demonstrações externas efusivas de emoção. Humanização é trazer o olhar para o outro, para o que é certo do ponto de vista moral e ético. É reconhecer a verdadeira importância das relações humanas, estás o maior desafio é a maior possibilidade de realização nesta jornada. É um olhar altruísta, além de mim para o outro é para o todo. E não se trata de não dar resultado, de complacência ou tolerância indiscriminada, pois resultados são chave, necessários e desejados. Mas com outra qualidade no aqui e agora. Algumas vezes tive a felicidade de presenciar a humanização das relações e a satisfação que isso traz pois neste encontro com o outro encontramos a nós mesmos.

Eu colocaria nesta lista líderes assim, que não apenas criam negócios multimilionários e atendem a todos os seus stakeholders, mas que tem uma gestão humanizada, altruísta, autentica. Quem sabe esta moda pega e alguns líderes se inspiram neste sentido? Que líderes, na sua visão atendem a este indicador? Como seria viver sob uma liderança assim?