Minha querida sócia Paula escreveu na semana passada sobre buscarmos conteúdos positivos e que nos façam bem. No entanto, a possibilidade de apontar, realçar e criticar os erros alheios, parece nos atrair muito mais.

Em uma análise superficial das primeiras páginas dos jornais de hoje, vejo que cerca de metade das chamadas de notícias convidam o nosso senso crítico a entrar em cena. Precisamos deste perfil jornalístico, mas gostaria de refletir sobre a necessidade de levarmos este viés para outras dimensões da vida.

Será que também escolhemos enxergar o tal copo meio vazio nas relações afetivas, familiares, sociais, profissionais e cidadãs? Realçamos o que falta e o que não está bom, reconhecendo muito pouco as conquistas e comportamentos que aquecem positivamente os nossos corações.

Pense aí: qual foi a última vez que você genuinamente elogiou ou agradeceu a alguém por alguma coisa?

Se somos tão ácidos ao tratar os outros, como será que tratamos a nós mesmos? Como nos sentimos quando erramos?

A gente sabe na hora quando pisa na bola ao fazer um comentário infeliz. Rapidamente, arrependemo-nos de ter começado a contar uma piada inoportuna e uma voz nos pergunta: como você vai sair dessa?

Quando isso acontece, vem uma dor na alma e vontade de entrar em um buraco, torcendo para ninguém apontar o dedo para mim. Não precisa, pois eu mesmo me aponto.

O senso crítico aguçado não poupa ninguém, muito menos você. Esta dificuldade de se auto perdoar pode inviabilizar o que viria depois: avaliação do erro, pedidos de desculpas, ajustes na conduta e recomeço da jornada.

Tudo começa pela coragem do autoperdão. Sendo amorosos conosco, treinamos para agir assim com quem está próximo.

Muitos de nós ainda encaramos o erro como algo vergonhoso e a ser punido, mas sem ele não arriscamos nada. Não inovamos, aprendemos e nem progredimos.

Que tal acolher nossos erros como passos da dança de desenvolvimento que tanto buscamos? Ser um pouquinho melhor hoje, em comparação ao que fui ontem, já está bom demais!

20 de abril de 2021,

Por João Luiz Souza.