Vivemos em um mundo super conectado e exigente de conexão. Não se pode desgrudar um minuto do seu celular ou computador com receio de levar uma bronca ou de acreditarem que você não se posiciona em determinados assuntos. Isso acontece 24 horas, 7 dias por semana e, quando alguém resolve se desintoxicar das redes sociais, parece ficar alienado do mundo.

Ainda assim, sentimo-nos sós. Não é o efeito da pandemia! Pode até ter acentuado algum traço já residente, mas não, não é isso. O problema está na perda da nossa capacidade de dialogar. Apesar de falarmos muito com outras pessoas, o quanto estamos monologando? Falando com respostas prontas, com a cabeça querendo voar e cheios de filtros na escuta.

A gota d’água desta “descoberta” me veio ao simular, em um programa empresarial, conversas onde a desconexão era forçada por atitudes quase naturais. A cada pequena encenação, percebi os risos dos participantes ao se reconhecerem protagonistas do não diálogo, muito à vontade ao não estabelecer um real contato com a outra parte. Em casa, em nossas reuniões, na rua, em todos os momentos, somos mais conectados com os aparelhos do que com quem queremos alcançar.

O interesse genuíno no outro, difícil em nossa época de querer ser e se expressar em liberdade, ganha tons mais dramáticos se somarmos à pouca capacidade de escutar ativamente e de respeitar o silêncio que pode criar novas músicas.

Dialogar exige uma forte presença de cada individualidade e, ao mesmo tempo, uma ausência do meu EU para poder compreender a outra pessoa. Não é mais natural fazermos isso. Ao contrário, viciamo-nos na ausência da expressão livre do nosso ser e nos fechamos para novos pontos de vista.

Treinar esta capacidade em todas as oportunidades nos trará um novo senso de conexão tão necessário para estes “novos tempos”. Exigirá esforço, tolerância com as falhas que cometeremos e respeito com as dos outros. Aliás, respeito começa quando somos vistos e escutados. Com quem e quando começar? Com as pessoas mais próximas e agora!

 

14 de julho de 2021,

Por Selim Nigri.