“It is a long way home to become what you’re meant to be”. Vez por outra, esta frase me visita. Em inglês, passa como um sopro. Não sei o porquê de ser assim, nem vou tentar explicar.

Reflito: o que quer dizer? Será a vida um caminho para voltar? Como tantas pessoas, a minha história foi de parecer me afastar da minha essência para depois buscar reencontrá-la. Meu sonho, quando jovem, era ser professora, trabalhar com arte e educação, contribuir para a saúde social, com gentileza e humanidade para construir um mundo melhor. Porém, reagi aos desafios da adolescência com uma determinada busca por autonomia e tomei outro caminho. Lutei, subi uma escada chamada sucesso e parecia estar lá no alto quando, há mais de 20 anos, a “Paula menina” veio cutucar o meu ombro.

Passei pelo gargalo apertado e escuro da crise da autenticidade, aquela dos 40: quem mesmo sou eu? Qual o meu propósito? Estou aqui para fazer o quê?

A coragem nasceu do “des-espero” e mudei de vida para trabalhar com o desenvolvimento das pessoas, equipes e organizações, com base na andragogia, o aprendizado de adultos e em uma visão espiritual inspirada na Antroposofia. Há 8 anos, fundamos a Lumo para cuidar da chama que anima as pessoas e organizações. Hoje, entendemos nosso propósito como “facilitar encontros humanos para uma sociedade mais consciente e equânime”. Viu? Voltei para casa!

E o caminho foi inútil? Absolutamente, não! Aprendi sobre empresas, mercados, marcas, planejamento e estratégia de comunicação; aprendi a olhar para gente, seus sonhos e dores; conheci colegas brilhantes, vi e vivi muita luz e, também, sombras. Minha primeira carreira me ajudou a falar o idioma das empresas e executivos, querer cuidar e poder fazer o que faço hoje. Como coach e consultora, as “dores da virada” me ajudam a apoiar outras pessoas em suas próprias mudanças.

Quer dizer, meu “Eu” sempre esteve lá dentro, pronto a ressurgir metamorfoseado. Que alegria voltar para casa, ainda eu, mais Paula, mas diferente!

 

21 de julho de 2021,

Por Paula T. de Saboia.