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Quis o destino que eu estivesse na Inglaterra durante o funeral da Rainha Elizabeth II, que este ano completou 70 anos como líder do Reino Unido. Assisti de perto à mobilização de toda uma nação, filas quilométricas, comércio e bancos fechados e participei do 1 minuto de silêncio no restaurante em que estava na véspera do sepultamento, pontualmente às 20h00.

A princípio, achei tudo muito exagerado, mas, após algumas reflexões, me dei conta de que estava dando vazão aos preconceitos que nutro pelo que desconheço. Não tenho que achar nada bom ou ruim, certo ou errado. Os costumes são ingleses e não me cabe julgá-los – apenas respeitá-los.

Resolvi aproveitar a oportunidade e testemunhar um dos maiores eventos deste século, reconhecendo a força de uma cultura que se expressa por meio de seus rituais e costumes.

Naturalmente, o envolvimento das pessoas não é uniforme e ao cultuar seus símbolos, os indivíduos explicitam sua maior ou menor conexão com esta cultura. Vejo o mesmo fenômeno acontecer com as diferentes organizações e grupos com que trabalho.

Por outro ângulo, me peguei pensando na perspectiva desta personalidade que se despede desta vida e recebe várias homenagens e reconhecimentos. Como estava se sentindo ao final de seu reinado? Feliz, realizada, aliviada? Só ela sabe.

Todas e todos nós, em algum momento, também encerraremos esta vida e passaremos por diferentes rituais. O que gostaríamos de assistir? Que histórias gostaríamos que fossem contadas? Que inspirações queremos deixar? Como nos sentiremos?

Assim como Sua Majestade, seremos lembrados por nossas ações, palavras, escolhas e silêncios.

Certa vez ouvi que não precisamos temer a morte e que para morrer bem, o melhor caminho é viver bem. O que é viver bem para você?

Desejo que a Rainha Elizabeth, sua família e súditos encontrem paz e conforto após as cerimônias. Desejo o mesmo a toda a humanidade que diariamente se despede de seus amores.

Que possamos honrar as Rainhas e Reis que vivem dentro de nós, cuidando do que nos cabe na construção de um mundo melhor do que recebemos.

Por Joao Luiz Souza