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Viajar é colocar a prova minha abertura para o novo – e conhecer as luzes e sombras africanas na Etiópia, Quênia e Tanzânia foi um prato cheio!

 Tocou-me a pobreza de mãos dadas com o domínio religioso. O reino animal em ação. A miséria contrastando com os largos sorrisos. A minha busca interna pelo belo fora dos padrões culturais.

Terceirizei fotos para me concentrar na observação dos animais no seu habitat, encantando-me com os modelos de liderança dos elefantes e leões.

 

Os elefantes são liderados por uma fêmea mais velha, eleita por sua sabedoria e capacidade de comunicação e decisão. Exerce sua liderança a partir do meio ou de trás do grupo, assumindo a frente nas crises. As elefantas passam toda a vida em comunidade, com processos decisórios participativos, enquanto os machos partem a partir dos 13 anos para integrar outras manadas, garantindo a diversidade genética.

Já o leão lidera seu grupo de leoas, que caçam e criam seus filhotes em comunidade. Quando adultos, os machos deixam o grupo ou disputam a liderança. Vencedores matam os filhotes do líder anterior para sobrepor seu gene. Poucos assumem a criação dos filhotes do perdedor, vislumbrando o poder de uma alcateia maior.

 

Leões só protegem os membros do seu grupo, já as leoas se ajudam em caso de perigo. Elas atacam em equipe e uma cuida dos filhotes para outras caçarem. Primeiro come o macho, depois as leoas, por último, os filhotes. São ‘reis da selva’ porque os adultos não têm predadores e os melhores lugares, perto da água ou arborizados, são território dos leões.

 

Abstraindo do gênero, ao observar os arquétipos como colaboração, competição, vaidade, poder, construção de comunidade e legado, entristece constatar o quanto a liderança leonina, competitiva e exclusivista, ainda é presente nas nossas organizações e governos.

Trouxe no coração a imagem de uma savana diversa com zebras, elefantes, girafas, felinos, javalis, antílopes e pássaros, compartilhando espaços e recursos, lutando, quando necessário, por sobrevivência e não por sede de poder.

Por Vera Oliveira