“Common ground”: campo de interesses, valores, crenças ou opiniões em comum, que normalmente buscamos para lidar com quem discorda. Livremente: “solo comum” que pisamos, mas deixamos de ver, presos em diferenças, competição, polarização. Muitos trabalhos me emocionaram em quase 20 anos como facilitadora em organizações. Naqueles que mais marcaram superamos juntos o ceticismo e ajudamos concorrentes ferrenhos a cooperar:
– Hospitais que buscaram temas de interesse compartilhado para alavancar excelência e influência em seu modelo de atuação filantrópico, formaram a partir de seus dirigentes um grupo que já fez 12 anos;
– Médicos que suspenderam as diferenças para fazer melhor juntos e com colegas de outras profissões: aprimorar a experiência dos pacientes, segurança e protocolos; pesquisar, aprender, ensinar; negociar; colaborar com a estratégia do hospital e assim evoluir a cultura de liderança e a prática assistencial;
– Executivos de uma grande farmacêutica, diferentes continentes e culturas nacionais, relembraram sua missão comungada para superar conflitos internos e com clientes do poder público.
Utopia? Domar a competitividade que nos domina (mais que nós a ela) para trabalhar com espírito coletivo, acolhendo as diferenças setorial, regional, organizacional ou profissional para produzir juntos é desafiador, mas exequível. E os enormes desafios que a humanidade vive só serão superados com soluções que acolhem perspectivas e inteligências múltiplas.
Em nossa experiência, alimentar o capital social passa por relembrar o mais essencial em cada “humano” presente. Sim, somos diversos. É difícil, mas produtivo e engrandecedor aprender com as diferenças. Temos mais em comum do que imaginamos e perceber a essência nos re-liga, como em encontros sagrados, em prol de missões e metas comuns com resultados práticos. Assim como nós mesmos, consultores, aqueles que ajudamos a fazer isso saíram do processo melhores, como empresas e como pessoas.
15 de março de 2022,
Por Paula T. Saboia.