Há algum tempo, temos aprendido e repetido que a confiança é a base de qualquer relação saudável que queiramos verdadeiramente cultivar. Minha experiência é que construir confiança é um trabalho infinito e que um esforço genuíno de anos ou décadas pode ser destruído com um único deslize, um mal entendido ou uma mentira, que gera uma grande decepção. Nos acostumamos a ser implacáveis com os erros alheios, mas esperamos compreensão e perdão verdadeiro quando “pisamos na bola”.

O medo de ter que lidar com as consequências de nossos atos, muitas vezes, inibe a naturalidade e minimiza as possibilidades de uma vida plena e criativa. Eu saúdo o maior cuidado que desenvolvemos recentemente com o português escrito e falado, que carrega muito dos preconceitos contra as mulheres. Acho importante avisar a alguém que exagerou no tom de uma piada, mas nunca abrindo mão da elegância e do acolhimento ao erro alheio, como gostaríamos que fizessem conosco.

A confiança é fundamental no desenvolvimento de times de alta performance. Com ela, nutrimos relações onde podemos ser nós mesmos tanto na alegria, como no compartilhamento de inseguranças, medos e erros, me permitindo pedir ajuda, sem que isso seja visto como uma fraqueza. O ponto de partida desta jornada é nos deixarmos conhecer mais e ter um genuíno interesse em conhecer as pessoas com quem convivemos. Precisamos corajosamente retirar os véus e guardar os escudos protetores que carregamos na mochila.

Leio com interesse sobre a chegada inevitável do “metaverso”, que integra os mundos real e virtual, onde uma das possibilidades é criar e “viver” uma pseudo vida, sem as santas imperfeições ou com qualidades ganhas sem esforço. Podemos ser um conjunto de bits mais admirados, felizes e invejados – uma oitava acima do que já assistimos diariamente nas redes sociais.

Que necessidades buscamos atender com isso?

Um ser humano que compartilha suas vulnerabilidades e pede ajuda, convida quem está a sua volta a fazer o mesmo. Com isso, vive uma “megavida” de onde brotam aprendizados, colaboração e mais liberdade interior.

Por João Luiz de Souza,

22 de março de 2022.