Enquadramento, quadrante da matriz do ciclo de desempenho, rótulo, gap, delta, pontos fracos, pontos de atenção, cuidados a tomar, pontos de desenvolvimento, insuficiência… Percebo como as pessoas no mundo organizacional são bombardeadas por estas expressões e expectativas. Importante tomar consciência de onde estamos, reconhecer o impacto de nossas ações nos outros e o que podemos melhorar.

Porém, a intensidade e a forma como muitos indivíduos recebem este feedback negativo marcam como tatuagem suas trajetórias, levando a uma ansiedade e corrida desenfreada para cobrir a distância que falta. Um dispêndio de energia considerável.

A questão é que a escuta e reconhecimento para os pontos fortes não ocorre na mesma intensidade. O foco do desenvolvimento fica exclusivamente concentrado em tentar tornar algo que não é natural em algo muito positivo. Tarefa ingrata.

Um presente que recebi de um líder generoso, logo no início de minha carreira, é de investir energia apenas suficiente para tornar os pontos fracos em pontos neutros, que não mais nos atrapalhem, e investir uma parcela considerável de energia em fortalecer e potencializar os pontos positivos, transformando-os em pontos formidáveis!

Todos temos virtudes natas e desenvolvíveis que nos tornam seres únicos. Que tal investir em ações para revelar estas virtudes, criar contextos e palcos para experimentá-las e potencializá-las ainda mais? O que sempre foi fácil para mim? O que eu posso fazer naturalmente e que as outras pessoas acham muito mais difícil?

Quando agimos centrados nestas virtudes, as tarefas acontecem de forma natural, fácil, entramos em estado de imersão, de flow, a vida flui, transborda.

Assim, que tal se preocupar menos com seus pontos fracos e se permitir revelar e experimentar cada vez mais as suas virtudes? E para quê vai utilizar suas virtudes? Além de imprimir suas pegadas de realização, o que o mundo ganha com isso?

Como diz Joseph Campbell, “o privilégio de toda uma vida é ser aquilo que nascemos para ser”.

04 de maio de 2021,

Por Paulo Pedote.