Escutar é preciso, estar certo não é preciso.

Temos vivido uma temporada de manifestações e protestos políticos com objetivos e cores diferentes. Nos protestos e nas conversas individuais, queremos expressar nossas verdades e sermos ouvidos. Recebemos curtidas e comentários de apoio de quem partilha as mesmas opiniões, mas nem sempre é assim. Surpreendemo-nos quando somos contrariados, bem como quando descobrimos que pessoas próximas, incluindo familiares, participaram desta ou daquela manifestação e defendem posições que abominamos. Ficamos perplexos, algumas vezes entramos em conflito, noutras preferimos fechar os olhos e ouvidos para preservar as relações.

A verdade é que temos pouca certeza sobre o que ocorre no mundo político. Há quem diga que, em nosso país, nem o passado é garantido e pode ser reescrito – como já foi. Ainda assim, colocamos em risco relacionamentos familiares e amizades de décadas para fazer valer certezas absolutas e reforçar a idolatria com personagens de variadas tendências.

As contraditórias opiniões de experts trazem mais confusão do que direção e as escolhas sempre estão em nossas mãos. Entre fazer a minha opinião valer e preservar uma amizade ou relação familiar, ficarei sempre com a segunda opção. Escolho realçar o que nos une e o que me traz prazer e alegria. Escolho celebrar o que temos em comum e, da melhor forma possível, escutar o que nos diferencia. Se conseguirmos dialogar e aprender um com o outro, será mágico. Mas, se não for possível, paciência. Vou privilegiar quem amo e meus candidatos preferidos irão perder estes curtos confrontos ideológicos, ainda que ganhem o meu voto.

Estamos em vias de retomar nossos encontros familiares, sociais e profissionais de forma presencial. Acho impensável trocar esta festa pela defesa de qualquer político. Que tal celebrar o que nos une e ouvir com interesse o que pode nos distanciar?

Seu Lorete, meu saudoso pai, deixou-me muitas frases e, entre elas, esta: “Nós viemos ao mundo para fazer amizades.”

Ficarei com a sugestão dele. E você?

 

14 de setembro de 2021,

Por João Luiz Souza.