Em outros momentos, já falei aqui sobre o poder da imaginação em ajudar indivíduos, times e organizações a criar aspirações compartilhadas que orientem uma ação consciente para futuros melhores. Penso que isto antecede o planejamento estratégico, momento no qual convidamos a parte lógica da mente a dar forma a estas imagens e definir “como chegaremos lá”.

A palavra “sonho” incomoda e nos negócios preferimos usar visão, ambição, aspiração. Achamos que sonhadoras são as pessoas desconectadas da realidade, inocentes, infantis. Martin Luther King não teve medo de falar de seus sonhos no histórico discurso “I have a dream…”, inspirador ainda hoje!

Tenho refletido, a convite de Yuval Harari: “Afinal, o que quero querer?”. Confesso: desejo continuar sonhando e ajudando outros a sonhar. Não para me afastar do mundo, mas para alimentar a positividade, a fé, a confiança e a orientação para a ação.

Quero continuar sonhando com um mundo mais saudável. Setores inteiros transformados rumo ao desenvolvimento sustentável. Um planeta azul e verde. Painéis solares e moinhos de vento ao invés de fumaça. Água limpa. Crianças bem cuidadas, não abusadas, não roubadas de vida. Mulheres com corpo, voz, lugar e talentos respeitados. Comida que alimenta, sem abuso de açúcar ou sódio, produzida perto, sem intoxicar ou tornar obeso. Quero continuar sonhando com uma melhor distribuição de renda, de saúde, de moradia, de educação, de sorriso, todas as prosperidades reunidas para todos nós e àqueles que virão.

Quero sonhar com governantes ao serviço, não para usurpar quem neles confiou, nem impor sua ignorância, religião ou jogos de poder sobre nós. Superaremos a polarização que adoece nossas relações. E, claro, quero continuar contribuindo para trabalho com significado e para que organizações como a sua e a nossa tenham um papel em fazer tudo isso virar porvir.

Talvez, sonhar seja uma forma de anarquismo, de inconformismo. De descascar a realidade em potencial de futuro melhor. 

“Quer querer” sonhar junto comigo?

 

05 de outubro de 2021, 

Por Paula T. Saboia.