Desde pequeno, ouço que sempre chove no feriado de finados. Sou testemunha de que chove mesmo – o que, nos dias atuais, é uma bênção para os rios, lagos, clima e uma esperança de alívio nas contas de energia.

Ouço também que estas chuvas têm a ver com as lágrimas de saudade que sentimos das pessoas queridas que já nos deixaram. Para muitos é dia de visitar, honrar e relembrar.

Revivemos momentos marcantes, ouvimos músicas que nos transportam para junto de quem amamos, tornando a sensação muito presente e real. A sensação passa, mas a presença fica, junto com a saudade e a vontade de reencontrar. Especialmente neste momento em que vivemos, imagino quantos experimentam esses sentimentos.

Refletindo sobre isso, um pensamento chegou às minhas mãos: “a pior morte é aquela que morre dentro de nós, quando deixamos de sonhar; quando deixamos de acreditar que tudo ainda tem solução; quando deixamos de buscar algo que queremos”.

Alguns líderes dizem que, nesta volta à convivência presencial, deveríamos restringir os encontros às ocasiões em que tenhamos um objetivo claro e definido. Sem isso, trabalhemos de casa, utilizando nossas telinhas preferidas. Eu não poderia discordar mais disto. Precisamos do toque, do calor e  do acolhimento uns dos outros, sem nenhuma justificativa para isso.

A vida cotidiana nos traz diversas razões para deixar morrer nossos sonhos, a confiança na vida e a fé no futuro. Pesquisas apontam o crescimento de distúrbios mentais durante a pandemia. Dizem que, em menor ou maior grau, todos nós seremos afetados por esta situação.

Se isto é uma realidade, como lidar com ela? Como nos manter vivos?

Simon Sinek aponta dois caminhos: o primeiro é o de prestar atenção em seu sono e em sua produtividade, reconhecendo que algo possa não estar bem. O segundo consiste em pedir ajuda. Pensar em quem posso contar para compartilhar, desabafar, rir, chorar… enfim, essas coisas que fazemos perto de quem gosta da gente.

Eu adicionaria procurar quem não nos procura há muito tempo, saber como estas pessoas estão, ouvi-las e contar a elas como estamos. Enfim, sermos nós mesmos. Fiz isso hoje com uma amiga querida e foi muito bom para ambos.

Convido-lhe a fazer o mesmo aproveitando essa chuvinha lá fora.

 

02 de novembro de 2021,

Por João Luiz Souza.