Vivemos em meio de metas e compromissos. Cheios de desafios de entregas, com receio de não conseguirmos e, muitas vezes, abrindo mão da qualidade de vida para podermos corresponder às expectativas depositadas e criadas. Pergunto-me: para quê todo este movimento? Este ruído? Este sentimento de dívida? Qual é o sentido?

Com a idade, trocamos vitalidade por consciência. Nos primeiros anos, sofremos um pouco com esta percepção, mas depois desenvolvemos clareza sobre as armadilhas que nos colocamos e possibilidades de escolha que temos para viver bem. Esta trilha desconhecida mostra o nosso maior desafio: a conquista da liberdade no convívio com outras pessoas.

Em vários programas nas organizações, percebemos que, ao não dar muitas regras, podemos travar uma pessoa ou um grupo para fazer uma atividade. Parece que não sabemos usar o espaço de liberdade que nos é concedido, aguardando por mais normas que nos protejam de cometer erros. Não aproveitamos as oportunidades de criação de caminhos e soluções que são únicas. E, desta forma, deixamos adormecida a nossa vontade própria, símbolo maior da liberdade, condicionando o agir ao que vem de fora.

Quando participei do primeiro trabalho para conhecer melhor a minha própria biografia, percebi o quanto que meus ideais e vocações foram deixados para trás para viver em harmonia com os desejos de quem me cercava. Não decepcionar, não ser rejeitado, cumprir com os comportamentos aceitos. Aprisionar-me parecendo livre.

Não precisamos romper com tudo e todos, mas também não podemos nos afastar dos princípios e propósitos que nos iluminam e nos diferenciam, tornando-nos únicos. E poder escolher, acordado em si, é um grande poder. Daqueles que todos os super-heróis gostariam de ter. A liberdade está tão próxima que nos assustamos com os pequenos passos ao encontro do nosso maior bem – nós mesmos, inteiros. Estes passos já resultam em uma respiração mais calma e em uma vida mais plena. A coragem requerida de trilhar este caminho e conviver em sociedade é grande, mas já existe no esconderijo da sua autoconsciência. Pegue a chave e abra!

 

10 de novembro de 2021,

Por Selim Nigri.