Uma das questões recorrentes que nossos clientes trazem é como aprimorar a famosa “comunicação”. Há uma percepção de que muitos conflitos nascem e se intensificam por nos comunicarmos muito mal. Para um diálogo construtivo, é necessário estabelecer uma boa conexão e rapport com o outro e um nível genuíno de escuta. Mas, o quanto nos comunicamos conosco mesmos? Como estão o diálogo, a conexão e a compreensão internas?

Antes da pandemia, muitos tinham um ritmo tão intenso que, dificilmente, permitiam-se uma pausa para um diálogo interno, criando conexão com os seus sentimentos e necessidades. Tudo ao mesmo tempo, correria entre um fazer e outro, sensação de tudo acumulado e empilhado. Só o trânsito nos parava e, mesmo assim, ficávamos bravos, com a sensação de perda de tempo e atrasos.

Com esta pausa imposta, percebo várias pessoas abrindo espaço em suas vidas para se perceber e conhecer mais, buscando evoluir. Segundo os princípios da Comunicação Não Violenta de Marshall Rosenberg, é fundamental esta pausa e silêncio para reconhecer sentimentos e, a partir deles, entender as necessidades não atendidas que podem nos levar a formular um pedido ao outro.

E que tal praticar a escuta ativa e empática primeiro comigo mesmo? Ouvir e sentir a minha voz interna, acolhendo-me e criando coragem para perceber minhas próprias vulnerabilidades? Desacelerar e diminuir os gritos internos, renunciando à telepatia do que será meu próximo pensamento e me abrir para o que está vindo no momento presente. Sem querer me culpar, me consertar, suspendendo e adiando o julgamento.

E com esta qualidade de ter se ouvido, sentido e acolhido, estamos mais fortalecidos e acordados para dar um passo na direção de um bom diálogo com o outro, onde estamos igualmente empenhados em compreender e atender às nossas necessidades e as dos outros com compaixão e não por medo, insegurança ou coação.

Com a volta do trabalho presencial (ou híbrido), como preservar esta pausa para nós mesmos?

Para…que eu te escuto.

 

19 de outubro de 2021,

Por Paulo Pedote.