Eu tenho um jardim de Monstera, mais conhecida como costela-de-adão. É um jardim pequeno em extensão, mas gigante pela sua exuberância. Folhas verdes e brilhantes, em forma de coração que, na fase adulta, apresentam recortes e perfurações, numa configuração peculiar, quase majestosa. Ficam imensas, crescem para o alto, liberando espaço para as folhas jovens que nascem inteiras e mais verdes. O conjunto desta obra da natureza chamou a minha atenção.

Não seria este um belo exemplo de manifestação de um sistema interdependente na busca do seu potencial máximo? Para entender o todo, foi preciso desviar o olhar para as partes e perceber as nuances, as singularidades. Incrível como a natureza nos oferece pistas.

Os recortes das folhas maduras, imensas, demonstram uma qualidade: capacidade de se adaptar para ampliar a resiliência do todo. Para tornar o sistema mais resiliente, é preciso ser flexível, buscar mudanças e adaptações em nós mesmos. As perfurações nas folhas mais altas e maiores, deixam a água fluir e o sol penetrar, permitindo uma melhor distribuição dos recursos essenciais. As folhas mais maduras crescem para cima e liberam espaço para o novo. Este movimento oferece direção e assegura constante renovação do todo.

O que eu levo para o meu trabalho de desenvolvimento de grupos em diferentes organizações? Despertar a consciência sobre o papel de cada indivíduo no sistema parece um bom começo. Também reconhecer que esse papel é dinâmico e que muda ao longo da nossa vida, do desenvolvimento do outro e da renovação das necessidades estratégicas do grupo e da própria organização.

Recentemente, ouvi um trecho de uma entrevista da ministra Cármen Lúcia sobre a sua indignação diante de pessoas que “acham que não precisam tomar providências” sobre o uso de máscara ou distanciamento social, sob o argumento de que isso diz respeito à vida de cada um.

“Acho que é alguém que não entendeu nem o que é a vida. A vida nunca é um problema só de cada um de nós. A vida é sempre a gente e o outro.”

E para você, qual o segredo da exuberância de um sistema?

 

05 de agosto de 2021,

Por Carla Barretto.