Eu ainda era executiva quando comecei a praticar Hatha Yoga há 10 anos. Ao anunciar a novidade a uma amiga, recebi uma pergunta que ficou ressoando: “Você está preparada para mudar a sua vida?”.

Inspirar,reter e expirar. A cada nova postura conquistada, um convite para ir um pouco além. Aprender a executar posturas que não exigem imobilidade, mas um delicado equilíbrio, tirar os pés do chão e se lançar, encontrando novos pontos de sustentação, são apenas alguns exemplos desta prática milenar generosa. Não alcançou ainda? Trabalhe com a intenção. No seu tempo.

O termo Hatha é composto pelas sílabas sânscritas Ha e Tha. Respectivamente, Sol e Lua, símbolos de dois polos que representam o equilíbrio e a interação que mantêm o Universo. Dicotomia que se manifesta em outras dimensões: masculino e feminino, inspiração e expiração, dia e noite, riso e lágrima, desconfiança e confiança cega. Forças opostas que, em equilíbrio, geram harmonia e ordem no cosmo.

Entendemos as organizações como sistemas vivos e dinâmicos. Afinal, elas não são formadas por pessoas? A Yoga me ajudou a perceber e atuar nesse campo invisível e, ao mesmo tempo tão presente, das forças e aspectos opostos.

Todas as organizações têm em sua cultura luzes e sombras que precisam ser reconhecidas, integradas e equilibradas. É preciso trazer para a consciência do coletivo quais aspectos estão presentes no jeito de ser e de fazer.

Não é o que está escrito nas frases de impacto que lemos no site. É necessário escutar as pessoas, observar os fenômenos, perceber o sutil nas relações – e isso pede mais arte e sensibilidade do que técnica.

A Yoga não mudou a minha vida, mas ela foi um verdadeiro chamado na neblina para desenvolver esta dimensão existencial do meu ser e, isso sim, foi transformador. Este movimento trouxe novos e importantes impulsos para mim: a Antroposofia, meditação, as mandalas terapêuticas… A minha jornada tem sido contínua, reveladora e muito prazerosa.

E para você, qual tem sido o seu chamado na neblina?

 

15 de junho de 2021,

Por Carla Barretto.